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domingo, 31 de dezembro de 2017

CALENDÁRIOS

Você seria capaz de viver sem marcar o tempo? 

De uma maneira geral podemos dizer que um Calendário consiste em um conjunto de unidades de tempo (dias, meses, estações, ano, ...), organizadas com o propósito de medir e registrar eventos ao longo de "grandes períodos".

HISTÓRIA

    Existem indícios que mesmo em eras pré-históricas, alguns homens já se preocupavam em marcar o tempo. Na Europa, há 20.000 anos, caçadores escavavam pequenos orifícios e riscavam traços em pedaços de ossos e madeira, possivelmente contando os dias entre fases da Lua. 
    Há 5.000 anos, os Sumérios tinham um Calendário bem parecido com o nosso, com um ano dividido em 12 meses de 30 dias, o dia em 12 períodos e cada um desses períodos em 30 partes. 
    Há 4.000 anos, na Babilônia, havia um calendário com um ano de 12 meses lunares que se  alternavam em 29 e 30 dias, num total de 354 dias. 
    Os egípcios inicialmente fizeram um calendário baseado nos ciclos lunares, mas depois notaram que quando o Sol se aproximava da "Estrela do Cão" (Sírius), estava próximo do Nilo inundar. Notaram que isso acontecia em ciclos de 365 dias. Com base nesse conhecimento eles fizeram um Calendário com um ano de 365 dias, possivelmente inaugurado em 4.236 AC. Essa é a primeira data registrada na história. 
    Quando Cabral chegou por aqui, encontrou os nossos índios medindo o tempo pelos ciclos lunares.  O Francês Paulmier de Gonneville na sua viagem ao Brasil em 1503-1504 teria levado no seu retorno à França, o filho do chefe dos Carijós, com a promessa de trazê-lo de volta no prazo de 20 Luas (Livro: Vinte Luas; autor: Leyla Perrone-Moisés; editora: Companhia das Letras).




BASE

     O Sol, a Lua e os seus ciclos sempre chamaram a atenção do homem. Como não perceber o "nascer...por... nascer..." do Sol? Como não perceber a mudança cíclica na forma como vemos a Lua no céu? Prestando atenção,não é difícil perceber a mudança também cíclica do posicionamento da trajetória diária que o Sol faz no céu; ou mesmo a sua aproximação também cíclica às estrelas de fundo. 
    Em geral os Calendários se baseiam nos ciclos do Sol e/ou da Lua, que sã o os objetos celestes que mais chamam a atenção do homem. Existem algumas exceções como o Calendário dos Maias (2.000 a 1.500 AC) que além da Lua e do Sol, baseava-se também no planeta Vênus.     Imagine-se cidadão de uma sociedade primitiva. 
    O movimento do Sol no céu, "gerando" o claro/escuro, se impõe, sendo impossível não ser percebido. Temos aí o "dia". 
    As fases da Lua e o seu movimento em relação ás estrelas também seriam percebidos com facilidade, bastando para isso um mínimo de lembrança do passado. (Lembre-se que fora das grandes cidades atuais você vê e veria a Lua com freqüência). Temos aí o conceito do "mês". 
    As sombras de árvores, pedras, etc., talvez tenham sido os primeiros sinalizadores, para um observador mais atento, indicando que o caminho diário do Sol no céu também muda em ciclos. Esses ciclos também poderiam ter sido observados, pela primeira vez, através do movimento do Sol em relação ás estrelas. Temos aí o "ano".     Seria muito simples (e quem sabe, definitivo!) fazer um Calendário se os ciclos que determinam o ano (translação da Terra em torno do Sol) e o mês lunar (translação da Lua em torno da Terra) compreendes em um número inteiro de dias (rotação da Terra em torno de seu próprio eixo) e fossem perfeitamente comensuráveis entre si. Pra complicar mais as coisas, a duração desses ciclos oscila constantemente em torno de uma média que também varia ao longo dos séculos.


PERÍODOS

     O "ano tropical" é definido a partir do posicionamento do caminho diário do Sol no céu e equivale ao ciclo das estações. 
    Atualmente corresponde a 365,242190 dias, mas ele varia. Em 1900 correspondia a 365,242196 dias e em 2100 corresponderá a 365,242184 dias. 
    Esses números entretanto são médias. Devido à influência de forças gravitacionais de outros planetas, a duração de um ano tropical, em particular, pode variar por vários minutos em relação a essa média.    O tempo decorrido entre duas Luas Novas é chamado de "mês sinódico" e atualmente corresponde a 29,5305889 dias; mas ele também varia. Em 1900 correspondia a 29,5305886 dias e em 2100 corresponderá a 29,5305891 dias. 
    Também aqui estamos falando de médias. O tempo decorrido entre duas Luas Novas pode variar por várias horas devido a uma série de fatores, tais como a inclinação orbital da Lua.     Como o ano tropical não corresponde a um múltiplo inteiro do mês sinódico, não podemos ter um Calendário que mantenha uma relação intrínseca entre os seus dias e o posicionamento do Sol no céu (Calendário Solar) ao mesmo tempo que mantém essa mesma relação entre os seus dias e o posicionamento da Lua no céu (Calendário Lunar). 
    Entretanto 19 anos tropicais correspondem a 234,997 meses sinódicos (quase um número inteiro). Assim sendo, em um Calendário Solar como o nosso, a cada 19 anos as fases da Luas e repetem nas mesmas datas.

 TIPOS

     Na atualidade existem aproximadamente 40 Calendários em uso no mundo, que podem ser classificados em três tipos. 
    1- Solares: Baseados no movimento da Terra em torno do Sol; os meses não têm conexão com o movimento da Lua. (exemplo: Calendário Cristão) 
    2- Lunares: Baseados no movimento da Lua; o ano não tem conexão com o movimento da Terra em torno do Sol. (exemplo: Calendário Islâmico) 
    Note que os meses de um Calendário Lunar, como o Islâmico, sistematicamente vão se afastando dos meses de um Calendário Solar, como o nosso. 
    3- Lunisolares: Os anos estão relacionados com o movimento da Terra em torno do Sol e os meses com o movimento da Lua em torno da Terra. (exemplo: Calendário Hebreu) 
    O Calendário Hebreu possui uma seqüência de meses baseada nas fases da Lua mas de tempos em tempos um mês inteiro é intercalado para o Calendário se manter em fase com o ano tropical.


CALENDÁRIOS CRISTÃOS



    Os Calendários Cristãos têm anos de 365 ou 366 dias divididos em 12 meses que não estão relacionados ao movimento da Lua. 
    Paralelamente a esse sistema, flui o conceito de "semana", em que os dias estão agrupados em conjuntos de sete. Esses conjuntos vão se sucedendo sem manter relação direta com a Lua, o Sol ou qualquer outro astro. Possivelmente o conceito de semana surgiu da necessidade religiosa de se homenagear cada uma das sete divindades astronômicas então conhecidas (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) comum dia diferente para cada.

    São dois os Calendário Cristãos ainda em uso no mundo. 
    O Calendário Juliano foi proposto por Sosígenes, astrônomo de Alexandria, e introduzido por Julio César em 45 AC. Foi usado pelas igrejas e países cristãos até o século XVI, quando começou a ser trocado pelo Calendário Gregoriano. Alguns países, como a Grécia e a Rússia, o usaram até o século passado. Ainda é usado por algumas Igrejas Ortodoxas, entre elas a Igreja Russa. 
    O Calendário Gregoriano foi proposto por Aloysius Lilius, astrônomo de Nápoles, e adotado pelo Papa Gregório XIII, seguindo instruções do Concíliode Trento (1545-1563). O decreto instituindo esse Calendário foi publicado em 24 de fevereiro de 1582. 
    A diferença entre esses dois Calendários está na duração considerada do ano (365,25 dias no Juliano e 365,2425 dias no Gregoriano) e nas regras para recuperação do dia perdido, acumulado durante os anos, devido à fração de dias na duração do ano considerada. 
    Note que atualmente sabemos ser a duração do ano tropical de 365,242190 dias. Devido às diferenças entre as durações do ano consideradas nesses dois calendários e a duração verificada, o ano tropical se defasa de 1 dia a cada 128 anos no Calendário Juliano e a cada 3.300 anos no Calendário Gregoriano. 
    O Calendário Juliano estava 10 dias atrasado em relação ao ano tropical quando o Calendário Gregoriano foi decretado. Por isso, constou da bula papal que 10 dias do mês de outubro deveriam ser "pulados", passando o Calendário do dia 4 de outubro, imediatamente para o dia 15. Os dias 5 a 14 de outubro de 1582 não constam da história daqueles países que imediatamente adotaram o novo Calendário (Portugual, Espanha, Itália e Polônia).


CALENDÁRIO GREGORIANO


    No Calendário Gregoriano o ano é considerado como sendo de 365 + 97/400 dias (=365,2425 dias). Assim sendo, no Calendário Gregoriano, existem 97 anos de 366 dias (que chamamos de bissextos) em cada período de 400 anos.

    Os anos bissextos são determinados pela seguinte regra: 
    1- Todo ano divisível por 4 é bissexto. 
    2- Todo ano divisível por 100 não é bissexto. 
    3- Todo ano divisível por 400 é bissexto. 
    O item 3 prevalece ao item 2 que por sua vez prevalece ao item 1. 

    Os anos são formados por meses constituídos por 30 ou 31 dias; com exceção de fevereiro constituído por 29 dias nos anos bissextos e 28 nos demais anos.


DATA ORIGEM


    Uma vez estabelecido como será um determinado Calendário, surge outra questão: Quando cairá o primeiro dia desse Calendário? Essa questão no nosso caso foi: A que dia da história corresponderá o dia primeiro de janeiro do ano um?

    O Calendário Cristão surgiu no ano 532 da nossa era. Era o ano 248 da era Diocletiana (os anos eram Julianos e estavam sendo contados a partir de um decreto de Diocletiano) quando Dionysius Exiguus, um calculista do Papa (fazia os "complicados" cálculos para a determinação da Páscoa), sugeriu que a contagem dos anos tivesse início no ano do nascimento de Cristo. Não se sabe dos cálculos, provas, etc. que Dionysius teve para fixar o nascimento de Cristo (erradamente) 532 anos atrás, no dia que passou a ser 25 de dezembro do ano um. 
    O início da era Cristã ficou sendo, desta maneira, 359 dias antes daquele que Dionysius presumiu ser o dia do nascimento de Cristo.

FONTE:
http://www.observatorio.ufmg.br/pas39.htm

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