Os céus do concelho de Moura, no Alentejo, estremeceram em
1941, em plena Segunda Guerra Mundial.
Um bombardeiro nazi, perseguido pela aviação aliada, aterrou
de emergência, a cerca de três quilómetros da vila. O avião sobrevoou Moura a
baixa altitude, ao fim do dia da tarde 9 de Fevereiro de 1941, com roncos
ensurdecedores.
A população ficou aterrada ao ver aquele gigante dos céus -
um enorme bombardeiro com quatro motores instalados nas asas, um Focke-Wulf 200
Condor, conhecido pela grande autonomia de voo. Aterrou de emergência, próximo
de Santa Marta. Nessa manhã, o quartel general de Berlim tinha divulgado que os
seus aviões tinham atacado um comboio naval inglês no Atlântico, ao largo da
costa portuguesa: dois navios foram afundados e outros tantos ficaram
gravemente danificados.
É natural que o bombardeiro nazi pertencesse à esquadrilha
de ataque e, por ter sido atingido pela
artilharia dos navios britânicos, foi obrigada a uma aterragem forçada no
Alentejo. Os seis tripulantes escaparam ilesos e testemunhas viram-nos sair do
avião.
Os aviadores alemães trocaram os fatos de voo por roupa
civil, queimaram muitos papéis, incendiaram o avião e puseram-se a pé, a caminho da fronteira. Os
lavradores, que os observaram ao longe, correram a avisar o posto da GNR de
Moura.A Guarda, auxiliada por efetivos da Legião Portuguesa, iniciou a
perseguição aos fugitivos. Os tripulantes do bombardeiro alemão foram
capturados no dia seguinte, ainda em território português, e conduzidos ao
comando militar, no quartel-general de Beja.
Não foram feitos prisioneiros. Ficaram alojados no Grande
Hotel, em Moura, com guarda à porta, à disposição das autoridades. Na tarde do
dia 10, três aviões portugueses sobrevoaram a região em missão de
reconhecimento.
Os aviadores alemães, apesar da vigilância montada à porta
do hotel onde estavam alojados, saíam quando lhes apetecia: iam ao cinema,
entravam nos cafés e ofereciam bolachas e chocolates à criançada de Moura. Um
belo dia, desapareceram.
O ministro do Interior foi devidamente informado da fuga dos
alemães. Coube a tarefa ao coronel Martins Carneira, comandante da PSP de Beja:
"Tenho a honra de comunicar a V. Ex.a que os aviadores alemães se
ausentaram de Moura em trajo civil, na madrugada de 21, só sendo notada a sua
falta às 13 horas do mesmo dia e suspeita-se que tenham seguido para a fronteira".
O ministro, a bem da Nação, rematou, sem pedir explicações: "Visto e
arquive-se"
FONTE:
http://tempusmagazine.pt/2017/07/11/quando-os-avioes-nazis-caiam-no-alentejo/
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