IMPERDIVEL

segunda-feira, 5 de março de 2018

TORRE DOS CLÉRIGOS

A Igreja da Irmandade de São Pedro dos Clérigos, no Porto, organiza-se em três corpos justapostos – igreja, dependência da irmandade e torre sineira (Torre dos Clérigos) – tendo esta última tal impacto visual que se transformou no ex-líbris da cidade.



O projecto foi desenhado por Nicolau Nasoni, que nasceu em Itália e trabalhou em Siena, onde terá adquirido a sua formação de base. À passagem por Roma, seguiu-se uma estadia em Malta, onde trabalhou para o grão-mestre D. António Manuel de Vilhena. Aí conheceu também Roque Távora e Noronha, irmão do deão da Sé do Porto, D. Jerónimo. Foi assim, com certeza, que acabou por ser convidado para se mudar para aquela cidade, onde já estava em 1725, a trabalhar na Sé, edifício onde deixou a sua marca.



A primeira obra portuguesa que se lhe deve integralmente é a igreja vulgarmente conhecida como “dos clérigos”, por ser pertença da irmandade do mesmo nome, de que era então presidente o já referido D. Jerónimo Távora e Noronha. O projecto foi aprovado em 1731 e, no ano seguinte, teve lugar a cerimónia de colocação da primeira pedra. As obras arrastaram-se por vários anos, durante os quais o projecto inicial foi sendo alterado e adaptado. Os trabalhos mais significativos foram concluídos em 1763.



A construção da igreja colocava alguns problemas interessantes, a que Nasoni soube responder com soluções criativas e inegavelmente eficazes. A dificuldade maior prendia-se com o formato do lote, longo mas estreito. Para tirar pleno partido desta situação, Nasoni rejeitou a fórmula tradicionalmente usada em Portugal de colocar as torres na fachada e remeteu-as antes para as traseiras, libertando assim espaço na frente da igreja (o projecto original incluía duas torres, solução depois substituída por uma só torre).



Ao mesmo tempo, a inclinação da Rua (hoje) dos Clérigos confere uma grande verticalidade à fachada, efeito sublinhado pela rotação do seu eixo em relação à rua. Finalmente, Nasoni conferiu à torre enorme altura (75 metros) e decorou-a com grande variedade de formas, atribuindo-lhe o protagonismo do conjunto. A conjugação de todos estes factores dá lugar a um incontornável efeito de monumentalidade.

A originalidade do projecto mantém-se no interior da igreja. Aqui, ao corpo rectangular da fachada segue-se a nave única de planta oval, solução rara no contexto da arquitectura portuguesa. Na verdade, a nave é composta por duas paredes separadas por um corredor. A parede exterior faz com que, quando vista de fora, a nave pareça um polígono alongado de lados menores arredondados.

Pelo contrário, a parede interior corresponde a uma verdadeira elipse, verticalmente ritmada pela utilização de grandes pilastras de ordem compósita, entre as quais se abrem portas, janelas e altares. A capela-mor é rectangular e liga o corpo da igreja à casa dos clérigos, por sua vez ligada à torre, último elemento desta progressão de volumes cada vez mais estreitos, acompanhando a definição do terreno.

O granito profusamente decorado cobre a fachada principal e a torre, enquanto nas fachadas laterais é apenas usado para elementos estruturais (pilastras e entablamento), portas e janelas. Assim se estabelece uma hierarquia visual de volumes. No interior da igreja, a decoração é rica e abundante em efeitos policromos, conjugando-se a pedra com a talha dourada e a pintura.

FONTE:
http://www.historiadeportugal.info/torre-dos-clerigos/

Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaques

Maria Lamas (Torres Novas, 1893 - Lisboa, 1983)

Maria Lamas  Nasceu no fim do século XIX (1893), numa pacata vila da província portuguesa do Ribatejo, em Torres Novas, e viveu quase t...

NOVIDADES EBAY