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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

A última viagem do Submarino Kursk

Duas explosões fizeram com que o inafundável submarino russo Kursk afundasse a 12 de agosto de 2000. 118 pessoas morreram. Foi a maior tragédia subaquática da história. A atenção está no San Juan.



“Está escuro aqui para escrever, mas vou tentar pelo tato. Parece que não há possibilidades, 10-20%. Vamos torcer para que pelo menos alguém leia isto. Cumprimentos a todos. Não há necessidade de ficarem desesperados.”

— Capitão-Tenente Dmitri Kolesnikov


Este bilhete foi encontrado no bolso de Dmitri Kolesnikov, o capitão-tenente de 27 anos que fazia parte da equipa de 118 pessoas a bordo do submarino russo Kursk. O bilhete foi escrito às 13h15 do dia 12 de agosto de 2000. Nele, o capitão-tenente informava que as pessoas das secções seis, sete e oito se tinham movido para a secção nove do submarino. “Há 23 pessoas aqui. Tomámos essa decisão porque nenhum de nós pode escapar. Estou a escrever isto às escuras”, escreveu ainda. A carta de Dmitri Kolesnikov, apesar de dirigida à família, é a única prova existente de que houve 23 sobreviventes às duas explosões que destruíram grande parte do submergível.



A carta é muito pessoal e vai ser entregue à família. Ainda assim, fornece informação oficial”, disse o vice-almirante da Frota do Norte da Marinha Russa, Mikhail Motsak, na altura, ao The Telegraph.

O corpo de Dmitri Kolesnikov foi um dos primeiros a ser encontrado. O submarino Kursk afundou no dia 12 de agosto de 2000 com as 118 pessoas a bordo, na sequência das explosões. O submergível com 154 metros de comprimento ficou a uma profundidade de 116 metros, no mar de Barents, a este da Peninsula Rybachi, a 80 quilómetros da costa.



As 118 pessoas por compartimento

O submarino era movido a energia nuclear. Este Oscar II — embarcações com capacidade para lançar mísseis, criados para combater os grupos de ataque de porta-aviões da NATO — tinha deixado a base de Vidiayevo dois dias antes. Era a primeira grande missão a larga-escala da Marinha Russa em dez anos — dela faziam parte 30 navios e três submarinos — e a primeira desde a queda da União Soviética.

Às 7h30 do dia 12 de agosto de 2000, duas explosões foram registadas no mar de Barents, a norte da Noruega e da Rússia, pelo instituto de sismologia norueguês. A primeira explosão — que criou um abalo de 1.5 na escala de Richter — foi tão grande que destruiu de imediato quatro dos nove compartimentos do submarino e matou 95 dos tripulantes. A segunda explosão — de 4.2 na escala de Richter — causou ainda mais destruição e moveu o submarino para 400 metros do local onde estava inicialmente. Os 23 sobreviventes morreram num período de 6 e 32 horas após o acidente, por falta de ar.
O submarino Kursk tinha capacidade para transportar 24 mísseis nucleares ou convencionais pelo que a probabilidade de a explosão estar relacionada com uma arma nuclear era elevada. Ainda assim, o alarme não foi lançado de imediato. Durante 12 horas, esperou-se por um sinal do Kursk mas ao fim desse período, nada. Nem sinal, nem comunicação detetadas. O Kursk foi considerado então como estando em perigo e a operação de resgate começou.

Cinco horas depois, às 00h30 do dia 13 de agosto, o submarino foi encontrado no fundo do mar. Navios de resgate chegaram à área onde estava localizado. Às 3h00, o acidente foi reportado ao presidente russo, Vladimir Putin.
No dia seguinte, 14 de agosto, um relatório das autoridades confirmava que o submarino Kursk estava assente no fundo do mar e não havia armas nucleares a bordo. Ainda assim, as autoridades norueguesas fizeram um pedido informal sobre a situação da radiação na área.



Dois dias depois de o submarino ter sido encontrado, a marinha russa informou que estava disponível para aceitar qualquer assistência externa. Nos seis dias que se seguiram, Noruega, Reino Unido, Alemanha e Holanda enviaram navios e quiserem dar apoio. Nem todo foi aceite. Putin, que tinha acabado de assumir pela primeira vez o poder, temia que esses países descobrissem segredos militares que o Kursk continha. E, por isso, recusou alguma dessa ajuda internacional, que só viria a ser aceite muito mais tarde.
A 19 de agosto, equipas de mergulhadores das Forças Armadas da Noruega partiram em direção ao submarino — um dia depois do planeado já que as últimas atividades dos navios russos de resgate representavam um possível perigo para os mergulhadores.

A descida até ao submarino começou ao meio-dia do dia 20 de agosto — oito dias depois de o submarino Kursk ter sido dado como desaparecido. Os procedimentos para tentar abrir as portas de resgate duraram cerca de 24 horas. Ao meio-dia de 21 de agosto, foi confirmado: toda a tripulação estava morta.

Fonte:
http://observador.pt/2017/11/23/esta-escuro-aqui-para-escrever-o-desastre-do-kursk-o-submarino-inafundavel/

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