16.º Presidente dos Estados
Unidos da América. Preservou a União durante a Guerra Civil tendo conseguido a
emancipação dos escravos.
Nasceu perto de Hodgenville,
Kentucky, nos E.U.A. em 12 de Fevereiro de 1809;
morreu assassinado em Washington,
em 15 de Abril de 1865.
Filho de um agricultor de
ascendência inglesa, vivendo no Kentucky, um dos primeiros Estados criados após
a independência da Grã-Bretanha (1792), na fronteira ocidental do país, Lincoln
passou a maior parte da sua infância no território de Indiana, para onde a
família se tinha deslocado em finais de 1816, devido a um processo judicial de
contestação da propriedade que o pai possuia. A mãe morreu no Outono de 1818,
tendo Lincoln e a irmã sido educados pela madrasta, Sarah Bush Johnston, mãe de
2 raparigas e um rapaz, com quem o pai se casou no princípio do Inverno de
1819. Lincoln, filho de pais iletrados, teve uma educação muito pouco cuidada,
frequentando a escola muito esporadicamente, mas que, como o próprio afirmava,
quando chegou à idade adulta, lhe permitia ler e escrever e fazer algumas
contas básicas.
Em 1830 a família mudou-se
novamente mais para Oeste, para o território do Illinois, na fronteira.
Lincoln, com 21 anos, não querendo ser lavrador começou por tentar várias
profissões, mas finalmente estabeleceu-se em Nova Salem, trabalhando em
actividades como o comércio, os correios ou no levantamento topográfico. Com o
desencadear da Guerra de «Black Hawk» contra tribos índias, alistou-se como
voluntário tendo sido eleito capitão da sua companhia. Não tendo, segundo as
suas próprias palavras, «visto guerreiros índios vivos», terá entrado em várias
«lutas sangrentas contra os mosquitos». Entretanto, candidatou-se à Assembleia
Legislativa do Illinois, para onde foi eleito repetidas vezes, após uma primeira
tentativa falhada. Pensou em tornar-se ferrador mas finalmente escolheu a
advocacia. Tendo aprendido por si próprio gramática e matemática, embrenhou-se
nos manuais jurídicos, passado o exame de admissão à advocacia em 1836. No ano
seguinte mudou-se para a capital do Illinois, Springfield, onde tinha mais
possibilidades de exercer advocacia do que em Nova Salem.
O começo da profissão de advogado
foi difícil e muito trabalhosa, tendo de deambular pelo Estado para conseguir
clientes. Com o aparecimento dos caminhos de ferro, Lincoln tornou-se advogado
da Illinois Central Railroad, tendo defendido a companhia com sucesso, o que
lhe deu uma real estabilidade financeira. Tornou-se um advogado reconhecido,
tendo também ganho um célebre processo do foro criminal, onde defendeu o seu
cliente da acusação de assassínio com a ajuda de um Almanaque que provava que,
sendo a noite do crime de Lua Nova, e por isso muito escura, a testemunha do
crime não podia ter presenciado o crime claramente.
Em 1842 casou com Mary Todd,
mulher com uma sólida educação, pertencente a uma família distinta do Kentucky,
e cujos familiares em Springfield faziam parte da elite local. Do casamento
nasceram quatro filhos, tendo só o filho mais velho chegado à idade adulta. Com
o casamento Lincoln começou a frequentar a igreja Presbiterana local. Sendo
considerado um céptico em questões religiosas e um livre-pensador, era um
conhecedor profundo da Bíblia, tendo acabado por defender que toda a história
era obra de Deus.
Quando Lincoln entrou para a
política, no princípio dos anos 30 do século XIX, simpatizava com as ideias de
Jackson sobre o desenvolvimento da democracia nos Estados Unidos, mas, ao
contrário do presidente dos Estados Unidos, achava que o governo federal devia
intervir na ajuda ao desenvolvimento
económico. Admirando os dois grandes políticos americanos da década de
40, Henry Clay e Daniel Webster, começou por apoiar o partido Whig, assim
chamado, imitando o antigo nome do partido liberal britânico, porque combatia
ao aumento dos poderes presidenciais. Lincoln achava que o seu Estado, o
Illinois, e o Oeste em geral, precisavam desesperadamente do apoio do governo
federal no apoio ao desenvolvimento económico, por meio de um banco nacional,
uma barreira alfandegária proteccionista e um programa de desenvolvimento das
comunicações.
Como membro da Assembleia
legislativa estadual do Illinois, de 1834 a 1840, Lincoln desenvolveu um
projecto grandioso, a ser subsidiado por fundos estatais, de criação de uma
rede de caminhos-de-ferro, estradas e canais, que foi aprovado, mas que por
vários motivos não pôde ser concretizado. A posição de Lincoln sobre a
escravatura era, nesta altura, conciliatória defendendo que a escravatura não
só «era injusta, mas também era uma má solução», sendo que as «doutrinas
abolicionistas tendiam a aumentar, e não a diminuir, os efeitos perniciosos da
instituição».
Durante o seu mandato para a
Câmara dos Representantes (1847-1849) Lincoln, que apresentou uma lei para a
abolição da escravatura na capital federal que não agradou a ninguém,
dedicou-se sobretudo a apoiar a eleição de um presidente Whig, o que foi
conseguido com a eleição do herói da Guerra do México, Zachary Taylor, mas esta
eleição não beneficiou Lincoln da maneira que este esperava.
Afastado da política por um curto
espaço de tempo, Lincoln regressou para combater a Lei Kansas-Nebraska,
proposta pelo seu rival político Stephen A. Douglas, que permitia a existência
da escravatura nestes estados, desde que aprovada pelos seus eleitores. A luta
política contra esta medida, que acelerou o declínio do partido Whig, deu
origem ao Partido Republicano. Como muitos outros políticos Whig, Lincoln
integrou este novo partido em 1856.
Em 1858 Lincoln tentou ser
nomeado para o Senado, em vez de Douglas. A campanha eleitoral deu origem a um
conjunto de debates, que abordaram sobretudo o tema da escravatura. Foi nessa
época que proferiu o célebre discurso Uma Casa Dividida, em que afirmou que uma
«casa dividida não se pode manter», insistindo no tema de que as liberdades
civis, tanto dos brancos como dos negros, estavam em causa no problema da
escravatura. Os debates não conseguiram fazer com que Lincoln fosse eleito, mas
tornaram-no uma figura nacional, e fizeram com que, em 1860, fosse pensado para
a Presidência dos Estados Unidos. Na verdade, acabou por ser escolhido como
candidato do Partido Republicano, ao fim de três votações, na convenção desse
ano.
Devido a haver quatro candidatos
à eleição, o Partido Democrata estar dividido e o seu Partido unido em seu redor,
Lincoln acabou por ser eleito, com 40% dos votos dos eleitores, mas com uma
grande maioria no Colégio Eleitoral, sendo que no colégio não obteve nenhum
voto dos Estados do Sul.
No período entre a eleição e a
tomada de posse de Lincoln, a Carolina do Sul decidiu abandonar a União.
Tentou-se chegar a um compromisso, a propósito da divisão territorial entre
estados esclavagistas e livres, mas acabou-se por não chegar a nenhum acordo, o
que levou outros seis estados do Sul a seguir o exemplo da Carolina do Sul,
formando os Estados Confederados da América.
A guerra acabou por ser declarada
devido ao cerco do forte Sumter por tropas da Confederação. O forte que tinha
sido acabado de construir na baía de Charleston, na Carolina do Sul, e estava
guarnecido por tropas federais, foi bombardeado em 12 de Abril de 1861, antes
da chegada anunciada de uma coluna de reabastecimento. O novo presidente
requereu tropas aos governadores estaduais, o que fez com mais três estados
abandonassem a União, entre os quais o importante Estado da Virgínia, e
declarou o bloqueio dos portos sulistas. A estratégia de Lincoln era simples.
Baseava-se em organizar o maior número possível de tropas e atacar em todos os
lados ao mesmo tempo. O peso demográfico e económico dos estados do Norte,
far-se-ia sentir mais cedo ou mais tarde, sobre os estados do Sul, e a guerra
terminaria. Mas a unidade de comando, necessária para coordenar os esforços dos
diferentes exércitos federais, só foi conseguida em Março de 1864, quando
Lincoln nomeou o general Grant, vencedor dos exércitos confederados no vale do
Misissipi, comandante-chefe das forças da União. A estratégia de 1861 pode ser
posta em prática, finalmente, e a rendição do estados do Sul não demorou.
Durante a Guerra Civil a política
de Lincoln em relação à escravatura foi-se modificando. Começando por defender
a manutenção do statu-quo, isto é, a manutenção da escravatura nos estados em
que ela existia, e a proibição da sua expansão para outros estados; a posição
de Lincoln tornou-se, no fim da guerra, abertamente abolicionista. Com o
decreto presidencial de 1 de Janeiro de 1863, que pôs em prática de acordo com
o que considerava serem os poderes do Presidente em tempo de Guerra, e que
ficou conhecido como a Proclamação da Emancipação, os escravos nos territórios
do Sul sob domínio confederado eram libertos. A medida só libertou 200.000
negros até ao fim da guerra, mas mostrou definitivamente que a abolição da
escravatura se tinha tornado um dos objectivos da guerra, para além da
manutenção da unidade política. A medida, de duvidosa legalidade, foi seguida
por uma Emenda Constitucional, a 13.ª, que proibiu a escravatura nos Estados
Unidos da América. A emenda tinha sido prevista no programa político do Partido
Republicano, durante a preparação das eleições de 1864.
Durante a guerra, Lincoln teve de
preparar a «reconstrução» dos estados do Sul. A questão foi sempre fonte de
divisão no Norte e no Partido Republicano. A facção «Radical» defendia que os
estados rebeldes deviam ser tratados duramente, enquanto Lincoln e os
«Conservadores» defendiam que os territórios deviam regressar à normalidade o
mais rapidamente possível, sendo as medidas de regularização da situação o
menos duras possíveis. Mas a posição de Lincoln nunca foi muito clara, mesmo
após o fim da guerra, parecendo que se começava a aproximar das posições dos
«Radicais», quando morreu.
Na noite de 14 de Abril de 1865,
uma 6.ª feira Santa, o actor John Wilkes Booth, defensor da escravatura e com
ligações fortes ao Sul, membro de uma família famosa de actores, matou Lincoln
no Teatro Ford, em Washington.
Com a ajuda do seu antigo sócio
na advocacia, que sempre salientou o começo de vida bastante sórdido de
Lincoln, este tornou-se o modelo do homem que sobe na vida a pulso.
Fonte:
http://www.arqnet.pt/portal/biografias/lincoln.html
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